FONTE:
http://www.alertatotal.blogspot.com Por Izidro SimõesNo
momento em que tanto se fala da cobiça internacional sobre a Amazônia,
da ação de ONGs de todos os tipos agindo livremente na região Norte, de
estrangeiros vendendo pedaços da nossa floresta, da encrenca que está
sendo a homologação da Raposa/Serra do Sol, de índios contra índios, de
índios contra não-índios, das ações ou omissões da Funai, do
descontentamento das Forças Armadas com referência os rumos políticos
que estão sendo dados para esta quase despovoada mas importantíssima
parte das fronteiras da nação, é mais do que preciso falar quem sabe,
quem conhece, quem vivencia ou quem tenha alguma informação de
importância.
Assim sendo, para ficar registrado e muito bem
entendido, vou contar um acontecimento de magna importância,
especialmente para Roraima, e do qual sou testemunha ocular da História.
Corria
o ano de 1993 – portanto, já fazem 15 anos. Era governo de Itamar
Franco e as pressões de alguns setores nacionais e vários
internacionais, para a homologação da Raposa/Serra do Sol, eram fortes e
estavam no auge. Tinha-se como certíssimo de que Itamar assinaria a
homologação.
Nessa época, eu era piloto da empresa BOLSA DE
DIAMANTES, que quinzenalmente enviava compradores de pedras preciosas
para Uiramutã, Água Fria, Mutum e vizinhanças.
No dia 8 de setembro
de 1993, aí pelas 17:00, chegamos em Uiramutã, e encontramos a população
numa agitação incomum, literalmente aterrorizada. Dizia-se por toda
parte, que Uiramutã ia ser invadida, que havia muitos soldados
"americanos", já vindo em direção à localidade.
A comoção das
pessoas, a agitação, o sufoco eram tão grandes que me contaminou, e fui
imediatamente falar com o sargento PM que comandava o pequeníssimo
destacamento de apenas quatro militares, para saber se ele tinha
conhecimento dos boatos que circulavam, e respondeu-me que sabia do
falatório. Contou-me então que o piloto DONÉ (apelido de Dionízio Coelho
de Araújo), tinha passado por Uiramutã com seu avião Cessna PT-BMR,
vindo da cachoeira de ORINDUIKE, no lado brasileiro, (que os brasileiros
erradamente chamam de
Orinduque), contando para várias pessoas, que
havia um acampamento enorme, com muitos soldados na esplanada no lado da
Guiana, na margem do rio Maú, nossa fronteira com aquele país.
Aventei
a necessidade de que o sargento, autoridade policial local, fosse ver o
que havia de fato e falei com o dono da empresa, que aceitou, relutante
e receioso, emprestar o avião para o sargento. Como, entretanto, o sol
já declinava no horizonte, combinamos o vôo para a manhã seguinte.
Muito
cedo, o piloto Doné e seus passageiros, que tinha ido pernoitar na
maloca do SOCÓ, pousaram em Uiramutã. Eu o conheci nessa ocasião, e pude
ouvir dele um relato. Resumindo bastante, contou que na Guiana havia um
grande acampamento militar e que um avião de tropas estava trazendo
mais soldados para ali.
Estávamos na porta da Delegacia, quando
chegou uma Toyota do Exército, com um capitão, um sargento e
praças.,vindos do BV 8. Ele ia escolher e demarcar um local para a
construção do quartel de destacamento militar ali naquela quase deserta
fronteira com a Guiana. BV 8 é antigo marco de fronteira do Brasil com a
Venezuela, onde há um destacamento do Exército, na cidade de Pacaraima.
Muito interessado e intrigado com o fato, resolveu ir conosco nesse
vôo.
O capitão trazia uma boa máquina fotográfica e emprestei a
minha para o sargento. O vôo foi curto, apenas seis minutos. Demos tanta
sorte, que encontramos um avião para transporte de tropas, despejando
uma nova leva de soldados, no lado guianense. Voando prá lá e prá cá, só
no lado brasileiro, os militares fotografavam tudo, e o capitão
calculou pelo número de barracas, uns 600 homens, até aquele momento.
Fiz
diversas idas e vindas e, numa delas vi o transporte de tropas
decolando e virando para a esquerda. Exclamei para o capitão: eles vem
pra cima de nós! Como é que você sabe? Perguntou. Viraram para a
esquerda, que é o lado do Brasil e, não da Guiana, respondi. Girei
imediatamente a proa para Uiramutã e, ao nivelar o avião, o capitão me
disse muito sério: estamos na linha de tiro deles! Foi então que olhando
para a direita, vi à curta distância e, na porta lateral do transporte,
um soldado branco, com um fuzil na mão.
Confesso que foi um
grande susto! O coração parecia-me bater duas e falhar uma. Quem conhece
a região, sabe que ali naquela parte, o Maú é um rio muito sinuoso.
Enfiei o avião fazendo zig-zag nesses meandros, esperando conseguir
chegar em Uiramutã. Se atiraram, não ficamos sabendo, mas após o pouso,
havia muita gente na pista, que fica juntinho das casas. Agitadas,
contaram que aquele avião tinha girado duas vezes sobre nós e a cidade,
tomando rumo de Lethen, na Guiana, onde há uma pista asfaltada, defronte
de Bomfim, cidade brasileira na fronteira.
Com esse fato,
angustiou-se mais ainda a população, na certeza de que a invasão era
iminente. O capitão determinou ao sargento e a mim, que fizessemos
imediatamente um relatório minucioso, para ser envido ao comando da PM,
em Boa Vista e partiu acelerado de volta ao pelotão de fronteira no BV
8.
Na delegacia, o sargento retirou o filme da minha máquina
fotográfica, para enviar ao seu comando e eu datilografei um completo
relatório que ele colocou em código e transmitiu via rádio para Boa
Vista. Naquela época, o chefe da S2 da PM ( Seção de Inteligência), era o
major Bornéo.
Uns quatro dias depois que cheguei desse giro das compras de diamantes, tocou a campainha da minha casa, um major do Exército.
Apresentou-se
e pediu-me para ler um papel, que não era outro, senão aquele mesmo que
eu datilografara em Uiramutã , e do qual o comando da PM enviara cópia
para o comando do Exército em Boa Vista. Após ler e confirmar que era
aquilo mesmo, pediu-me para assinar, o que fiz. Compreendi que tinha
sido testemunha de algo grande, maior do que eu poderia imaginar, e pedi
então ao major, para dizer o que estava acontecendo, uma vez que parte
daquilo eu já sabia. Concordou em contar, desde que eu entendesse bem
que aquilo era absolutamente confidencial e informação de segurança
nacional. Concordei.
Disse o major, que a embaixada brasileira em
Georgetown tinha informado ao Itamarati, que dois vasos de guerra, um
inglês e outro, americano, haviam fundeado longe do porto, e que grandes
helicópteros de transporte de tropas, estavam voando continuamente para
o continente, sem que tivesse sido possível determinar o local para
onde iam e o motivo.
Caboclos guianenses (índios aculturados)
tinham contado para caboclos brasileiros em Bomfim, cidade de Roraima na
fronteira, terem os americanos montado uma base militar logo atrás da
grande serra Cuano-Cuano, que por ser muito alta e próxima, vê-se
perfeitamente da cidade. O Exército brasileiro agiu com presteza, e
infiltrou dois majores através da fronteira, e do alto daquela serra,
durante dois dias, filmaram e fotografaram tudo. Agora, com os fatos
ocorridos em Orinduike, próximo de Uiramutã, nossa fronteira Norte,
fechava-se o entendimento do que estava acontecendo.
E o que
estava acontecendo? As pressões internacionais para a demarcação da
Raposa / Serra do Sol apertavam, na certeza de que o Presidente Itamar
Franco assinaria o decreto. Em seguida, a ONU, atendendo aos
"insistentes pedidos dos povos indígenas de Roraima", determinaria a
criação de um enclave indígena sob a sua tutela, e aí nasceria a
primeira nação indígena do mundo. Aquelas tropas americanas e as
inglesas, eram para garantir militarmente a tomada de posse da área e a
"nova nação".
Até a capital já estava escolhida: seria a maloca
da Raposa, estrategicamente localizada na margem da rodovia que corta
toda a região de Este para Oeste, e divide geográfica e perfeitamente a
região das serras daquela dos lavrados roraimenses – que são os campos
naturais e cerrados.
Itamar Franco – suponho – deve ter sido
alertado para o tamanho da encrenca militar que viria, e o fato é que,
nunca assinou a demarcação.
Nessa mesma ocasião (para relembrar:
era começo de setembro de 1993), estava em final de preparativos, o
exercício periódico e conjunto das Forças Armadas nacionais, na cidade
de Ourinhos, margem do rio Paranapanema, próxima de Sta. Cruz do Rio
Pardo e Assis, em São Paulo, e Cambará e Jacarezinho, no Paraná.
Com
as alarmantes notícias vindas de Roraima, o Alto Comando das Forças
Armadas mudou o planejamento, que passou a chamar-se "OPERAÇÃO SURUMU"
e, como já estava tudo engrenado, enviou as tropas para Roraima. Foi
assim que à partir da madrugada de 27 de setembro de 1993, dois aviões
da VARIG, durante vários dias, Búfalos, Hércules e Bandeirantes
despejaram tropas em Roraima. Não cabendo todas as aeronaves militares
dentro da Base Aérea, o pátio civil do aeroporto ficou coalhado de
aviões militares. Chegaram também os caças e muitos Tucano. Veio
artilharia anti-aérea, localizada nas cercanias de Surumu, e foi
inclusive expedido um aviso para todos os piloto civis, sobre áreas nas
quais estava proibido o sobrevôo, sob risco de abate.
Tendo como
Chefe do Comando Militar da Amazônia (CMA), o general de Exército José
Sampaio Maia – ex-comandante do CIGS em Manaus, e como árbitro da
Operação Surumu, o general de Brigada Luíz Alberto Fragoso Peret Antunes
(general Peret), os rios Maú, Uailã e Urariquera enxamearam de
"voadeiras" cheias de soldados. Aviões de caça fizeram dezenas de vôos
razantes nas fronteiras do Norte. O Exército também participou com a sua
aviação de helicópteros, que contou com 350 homens do 1º, 2º e 3º
esquadrões, trazendo 15 Pantera (HM-1) e 4 Esquilos, que fizeram um
total de 750 horas de vôo. Vieram também cerca de 150 páraquedistas
militares e gente treinada em guerra na selva. A Marinha e a Força Aérea
contribuíram com um número não declarado de homens, navios e aeronaves.
Dessa
maneira, não tendo Itamar Franco assinado o decreto de demarcação da
Raposa / Serra do Sol e, vindo essas forças militares para demonstrar
que a entrada de soldados americanos e ingleses em Roraima, não seria
feita sem grande baixas, "melou" e arrefeceu a intenção internacional de
apossar-se desta parte da Amazônia, mas não desistiram.
Decepcionando
muito, embora sendo outro o contexto político internacional, Lula fez a
homologação dessa área indígena, contestada documentalmente no Supremo
Tribunal e, ainda tentou à revelia de uma decisão judicial, retirar "na
marra", os fazendeiros e rizicultores ("arrozeiros") dessa área, que
como muita gente sabe – inclusive os contrários – tem dentro dela
propriedades regularmente documentadas com mais de 100 anos de escritura
pública e registro, no tempo em que Roraima nem existia, e as terras
eram do Amazonas.
Agora, entretanto, os interesses difusos e
estranhos de muitas ONGs, dizem na internet, que esses proprietários são
"invasores", quando até o antigo órgão anterior ao INCRA, demarcou e
titulou áreas nessa região, e que a FUNAI, chamada a manifestar-se,
disse por escrito, que não tinha interesse nas terras e que nelas, até
aquela ocasião, não havia índios.
As ONGs continuam a fazer
pressão, e convém não descuidar, porque nada indica que vão desistir de
conseguir essas terras "para os índios", e de graça, levarem além de 1
milhão e 700 mil hectares – quase o tamanho de Sergipe – tudo o mais que
elas tem: ouro, imensas jazidas de diamantes, coríndon, safira de azul
intenso, turmalina preta, topázio, rutilo, nióbio, urânio, manganês,
calcáreo, petróleo, afora a vastidão das terras planas, propícias à
lavoura, área quase do mesmo tamanho onde Mato Grosso planta soja que
fez a sua riqueza.
Isso, é o que já sabemos, porque uma parte
disso foi divulgada numa pesquisa da CPRM – Cia. de Pesquisa de Recursos
Minerais, em agosto de 1988 (iniciada em 1983), chamada de Projeto Maú,
que qualifica essa parte da Raposa/Serra do Sol, como uma das mais
ricas em diamantes no Brasil, sendo o mais extenso depósito aluvional de
Roraima, muito superior ao Quinô, Suapi, Cotingo, Uailã e Cabo Sobral.
Essa
pesquisa foi inicialmente conduzida pelo geólogo João Orestes Schneider
Santos e, posteriormente, pelo também geólogo, Raimundo de Jesus Gato
D´Antona, que foi até o final do projeto, constatando a possibilidade da
existência de até mais de 3 milhões de quilates de diamantes e 600 Kg
de ouro. Basta conferir a cotação do ouro e diamantes, para saber o que
valem aquelas barrancas do rio Mau, só num pequeno trecho.
A
"desgraça" de Roraima é ser conhecida internacionalmente na geologia,
como a maior Província Mineral já descoberta no planeta. Nada menos que
isso!
E o que ainda não sabemos? Essa pesquisa, feita em pouco
mais de 100 quilômetros de barranca do rio, cubou e atestou a imensa
riqueza diamantífera da área. Entretanto, o Estado de Roraima ainda tem
coríndon, manganês, calcáreo e urânio, afora mais de 2 milhões e 100 mil
hectares de terras planas agricultáveis, melhores que aquelas onde
plantam soja no Mato Grosso.
Não é nenhum segredo que os gringos, em especial os americanos, queiram os recursos minerais, hídricos e biológicos de nossa Bacia Amazônica. Tentaram de todos os subterfúgios para ter acesso à Região Norte, inclusive com missionários ensinando inglês para os índios. Também não é nenhum segredo que as atividades de muitas ONGs na Amazônia são, no mínimo, obscuras. Já foram vistos militares americanos em áreas indígenas, segundo um relatório de quem esteve em Roraima, uns anos depois desse imbróglio postado acima. Não seriam soldados oficiais, mas mercenários da empresa militar que já teve vários nomes, mas muitos conhecem por seu nome mais famoso, Blackwater.
A pergunta é: O que o Brasil está esperando para expulsar, em definitivo, esses PIRATAS de nossa Amazônia?