sexta-feira, 20 de julho de 2012

Por que o Brasil se atrasa?

A desindustrialização do Brasil não tem sido explicada adequadamente, sequer pelos economistas menos vinculados à ideologia das corporações transnacionais.

2. Em entrevista à BBC (13.07.2012), Gabriel Palma, professor da Universidade de Cambridge, Inglaterra, lembrou que, em 1980, a produção industrial no Brasil superava a do conjunto formado por China, Índia, Coreia do Sul, Malásia e Tailândia e que, em 2010, já não representava senão 10% do total produzido nesses países.
3. O economista Leonardo Guimarães Neto, publicou artigo no portal do Centro Celso Furtado, Ano 6 – Edição 8, Recife, 13.04.2012, intitulado “A retomada da indústria brasileira: o recado de Antônio Barros de Castro”.
4. Nele aprecia o pacote estímulos, de R$ 60 bilhões, à indústria brasileira (sic), incluindo: desoneração fiscal, ampliação e barateamento do crédito; redução de até 30% do imposto sobre produtos industrializados para o setor automobilístico; redirecionamento de compras governamentais para bens produzidos internamente; redução de impostos na tecnologia da informação.
5. Deixa de denunciar mais esse absurdo presente à predadora indústria automobilística estrangeira, que não cessa de descapitalizar o País, enviando ao exterior os ganhos oligopolistas arrancados dos consumidores nacionais.
6. Omite também que, sob a presente estrutura industrial, dominada pelas transnacionais, os investimentos e subsídios aos centros de pesquisa tecnológica significam desperdício de recursos públicos, porquanto, não havendo empresas nacionais viáveis no mercado, só ínfima fração do resultado das pesquisas resultará em inovação tecnológica.
7. Observa Guimarães, que, embora bem recebido, o pacote foi considerado insuficiente por sindicatos patronais e de trabalhadores. Esses reclamam: (i) desvalorização cambial, (ii) redução dos juros e dos spreads bancários e (iii) redução do preço de insumos fundamentais para a atividade industrial, como a energia elétrica.

“Globalização versus Desenvolvimento”
Livro de autoria de Adriano Benayon
abenayon.df@gmail.com
8. Segundo Guimarães, a perda de competitividade da indústria nacional [sic] não se deve só ao custo Brasil: enorme carga tributária; juros e spreads bancários altos; elevados preços da energia elétrica; enormes déficits de infra-estrutura de transporte e logística.
9. A perda estaria associada à reduzida capacidade de inovação da grande maioria dos segmentos produtivos da indústria nacional (sic), em contexto de acelerado avanço tecnológico nos países competidores, tais como a China.
10. Precisamos, porém, ir mais fundo. Entender por que essa capacidade é reduzida. Daí, inseri três vezes o advérbio latino “sic”, após “indústria brasileira ou nacional, porque a questão básica, intocada nas discussões correntes, é a desnacionalização, o fato de a produção realizada no Brasil não ser nacional, mas subordinada às matrizes das transnacionais estrangeiras que a controlam.
11. É ridículo falar em inovação tecnológica com a indústria desnacionalizada e com os seus centros das decisões sobre produção e mercados, situados no exterior.
12. Se não há inovação tecnológica no Brasil é porque as transnacionais se apropriaram de tecnologias no exterior, amortizaram-nas com as vendas em outros mercados e as utilizam aqui a custo real zero, tal como acontece com as máquinas e equipamentos importados a preços superfaturados.
13. Por que, então, tais indústrias não são competitivas, se seus custos reais de produção são extremamente baixos, ademais de as transnacionais receberem colossais subsídios prodigalizados pelos governos federal, estaduais e municipais?
14. Porque o valor contábil das despesas das subsidiárias no Brasil é levado às alturas, através dos preços que estas pagam às matrizes nas importações dos bens de produção (inclusive o da tecnologia, jamais transferida): os bens de capital e os insumos, tudo é superfaturado, além de serviços sobrefaturados e até fictícios.
15. Em suma, as políticas de favorecimento às transnacionais, inauguradas em 1954, e intensificadas desde então, fazem que os brasileiros paguem para se tornarem pobres. Os fabulosos lucros reais obtidos pelas transnacionais são transferidos ao exterior, não apenas como tal, mas também através desses superfaturamentos e do subfaturamento de exportações.
16. Estando a economia concentrada por empresas transnacionais e bancos, na maioria desnacionalizados, e os “nacionais” associados aos estrangeiros e com eles ideologicamente alinhados, é esse sistema imperial que elege os “governantes” nos poderes do Estado brasileiro, pois as eleições dependem dos dinheiros para as campanhas e do acesso às redes de TV comerciais, vinculadas aos mesmos interesses.
17. Em tais condições, tornam-se inócuos os votos piedosos dos economistas, quando recomendam reformular a infra-estrutura de transportes e logística, baixar os juros até o patamar internacional (o que viabilizaria reduzir a carga tributária), desvalorizar a taxa cambial etc.
18. Mantendo-se a atual estrutura de poder, essas medidas seriam irrealizáveis, além de que, para funcionarem, acarretariam a necessidade do controle de capitais e da estatização dos principais bancos, ou seja, políticas ainda menos toleráveis para os aproveitadores dessa estrutura.
19. Assim, o governo que empreendesse tais políticas, seria desestabilizado e derrubado antes de promover a indispensável a passagem do controle da indústria para capitais nacionais, privados e públicos.
20. Se a indústria não for realmente nacional, jamais terá chance de ser competitiva. O mesmo se aplica à infra-estrutura econômica (energia, transportes e comunicações) e à social (saúde, educação e cultura). Há que desmercadorizar os serviços públicos e eliminar as agências “reguladoras”, devolvendo o poder delas ao Estado.
21. Também importante para o Estado recuperar funções perdidas com o modelo do “consenso de Washington” é a total reformulação da administração pública, generalizando-se os concursos públicos, a formação de técnicos e administradores, e instituindo a aferição de desempenho, com possibilidade de demissão, seleção de quadros desde a escola primária etc.
22. Voltando a Guimarães: “Segundo Antônio Barros de Castro …não se trata hoje de superar um hiato em relação a concorrentes que evoluíam lentamente em termos tecnológicos e de produtividade. Para ele, esta premissa não existe mais, e os concorrentes do Brasil, notadamente a China, ‘ainda estão alcançando novos patamares de produtividade e aumentando o esforço tecnológico para acelerar sua eficiência.’ A China teria superado a fase de “made in China” para outra de “created in China”.
23. Ora, como assinalei no artigo “Tecnologia e Desenvolvimento”, publicado em maio, é incrível que até os economistas que não se restringem a discutir política macroeconômica, conclamem para a necessidade de inovação tecnológica sem reconhecerem a impossibilidade dela num país cujos mercados estão sob controle praticamente total de empresas transnacionais.
24. Em artigo próximo tentarei resumir a avassaladora ocupação da economia brasileira, a qual prossegue em tal velocidade, que a empresa nacional é, cada vez mais, espécie em extinção.
25. De novo, Guimarães: “Castro acredita que o Brasil, de início, deve ganhar tempo até induzir as grandes transformações, garantindo superávits no balanço de pagamento por 10 ou 15 anos com petróleo e matérias primas agrícolas, além da expansão do mercado interno ‘colocando areia para limitar a ocupação do mercado interno por importações …’.”
26. Isso seria, na realidade, perder tempo. E o Brasil já se atrasou demasiado nos últimos 58 anos! Proteção para a indústria, na atual estrutura, só favorece as transnacionais e eleva os incalculáveis prejuízos que vêm causando ao País.
27. De resto, enquanto se dilapidam os recursos naturais através das exportações primárias, as receitas são usadas para pagar por serviços superfaturados e fictícios, às matrizes das transnacionais, e para importar bens de alto valor agregado e insumos grandemente superfaturados. Nem se fica sabendo o que valem as matérias-primas exportadas, nem o balanço de pagamentos se equilibra sem endividamento.
28. Isso implica fomentar a estrutura econômica atrasada, como a da Venezuela, por mais de um século, antes de Chávez: exportar quantidades fabulosas de petróleo e ficar com a estrutura econômica mais primitiva da América do Sul, para gáudio do império anglo-americano.
29. Com governos acomodados às imposições do império, até por carecerem de consciência nacional, as transnacionais estão ocupando até os espaços recomendados por Barros de Castro e seguidores, como a agroindústria do etanol e a química baseada na energia vegetal. Note-se que nem falam dos óleos vegetais, como o dendê, capaz de produzir mais óleo – melhor que o de petróleo – do que a Arábia Saudita.
Dr. Adriano Benayon, economista, 16/07/2012.

(Fonte: Inacreditável)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Lançado com sucesso o foguete BRASILEIRO VS-40 com o experimento científico alemão SHEFEX II

Lançamento bem sucedido do experimento SHEFEX II
Depois de um vôo de 10 minutos, o experimento SHEFEX II (um veículo de reentrada que possui uma forma angular aguda ao invés de rendonda) pousou em segurança no oeste de Spitsbergen. Pesquisadores do Centro Aeroespacial Alemão (Deutsches Zentrum für Luft-und Raumfahrt; DLR) lançaram o foguete de sete toneladas e cerca de 13 metros de comprimento e sua carga útil a partir do centro de lançamento da Andoya Rocket Range na Noruega em 21:18 CEST em 22 de junho de 2012. Na reentrada na atmosfera o experimento SHEFEX resistiu temperaturas superiores a 2500 graus Celsius e enviou os dados de medição de mais de 300 sensores para uma estação terrestre. "O vôo do SHEFEX II nos leva a um passo adiante no caminho para o desenvolvimento de um veículo espacial construído como uma cápsula espacial, mas oferecendo o controle e opções de vôos do ônibus espacial muito mais rentável", disse o gerente de projeto Hendrik Weihs.
Aprendendo sobre reentradas na atmosfera terrestre
DLR vem trabalhando no programa SHEFEX por 10 anos, desenvolvendo uma tecnologia na qual uma nave espacial pode re-entrar na atmosfera terrestre sem sofrer danos. SHEFEX tem uma forma angular e afiada, sua estrutura consiste de superfícies planas, que são mais fáceis de fabricar e, portanto, são menos caras do que as formas usuais arredondadas. As arestas afiadas são também aerodinamicamente vantajosa. Investigadores desenvolveram DLR vários sistemas de protecção térmica para controlar as temperaturas elevadas que as arestas são submetidos a durante a reentrada.
A nave espacial SHEFEX I, foi lançada em 27 de outubro de 2005, possibilitando aos pesquisadores  coletar dados durante o vôo pela primeira vez. Esse vôo durou 20 segundos e o SHEFEX I reentrou a uma velocidade de Mach sete. SHEFEX II alcançou uma velocidade de 11.000 quilómetros por hora - cerca de 11 vezes a velocidade do som - quando re-entrou na atmosfera. Chegou a uma altitude de aproximadamente 180 quilômetros.
Seis institutos do DLR envolvidos no projeto
O projeto SHEFEX é uma colaboração entre seis institutos do DLR. O Instituto DLR da Aerodinâmica e Tecnologia de Fluxo realizarou numerosos testes em túnel de vento, computado o campo de fluxo de reentrada e equipou o foguete com sensores para medir temperatura, pressão e estresse térmico. O Instituto DLR para Estruturas e Design construiu a nave e foi responsável por projetar e produzir os sistemas de proteção térmica de cerâmica, em um desses sistemas, nitrogênio flui através de uma telha porosa, para refrigeração da nave durante a reentrada. No coração do sistema de controlo canard, desenvolvido por investigadores no Instituto DLR de Sistemas de Voo em Braunschweig, são superfícies de controle - os canards - sobre a secção da frente do veículo de pesquisa, que pode ser usado para controlar activamente o veículo. O Instituto de Investigação de Materiais fabricados os azulejos e do Instituto de Sistemas Espaciais desenvolveu uma plataforma de navegação para determinar a localização da nave durante o vôo. MoRaBa DLR da base de foguetes móvel operou o veículo de lançamento de dois estágios, controlados a nave espacial e recebendo os dados enviados pelo SHEFEX durante o vôo.
No caminho para o desenvolvimento de uma nave espacial
Um navio de salvamento e uma aeronave estão no seu caminho para o local de pouso para recuperar a nave espacial. Se a recuperação for bem sucedida, os investigadores receberão uma grande quantidade de dados adicionais. "O vôo de SHEFEX II é um passo para o desenvolvimento de uma nave espacial que resiste a temperaturas mais altas, enquanto viaja mais rápido e por um longo período", diz Weihs. Mais de 300 sensores medindo temperatura e pressão, entre outras coisas, foram usadas durante o voo. "Nós temos uma riqueza de dados, que serão utilizados para os próximos anos." SHEFEX III poderia ser lançado em 2016, que será mais parecido com um avião espacial e voar através da atmosfera por cerca de 15 minutos. O objetivo desta pesquisa é permitir que experimentos em microgravidade que duram vários dias possam voltar para a Terra de uma maneira segura.


Fonte : DLR
Comentário:

Caro leitor como você pode ver nossos foguetes feitos com muito suor pelo pessoal IAE vem sendo utilizados pelos alemães! É incrível como aqui no Brasil a mídia brasileira não divulga isso! Aposto que se tivesse acontecido um fracasso na missão era primeira capa do jornal!

Mas enfim bola para frente porque ainda temos um grande caminho a percorrer!
Fonte: Tecnologia Espacial

Comentário do Ravengar:
Se a Alemanha confia em um foguete Brasileiro, isso é um excelente sinal. Nós podemos fazer mais. Nós DEVEMOS fazer mais.